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Setor agropecuário discute impactos das mudanças climáticas na agricultura

Minas está entre os estados mais afetados pelas recentes e bruscas alterações do clima; produção sustentável é fundamental, reforça Emater-MG

Publicado em 30/05/2022 às 10:00
Atualizado em

(Foto: Emater-MG / Divulgação)

Os efeitos das mudanças climáticas no planeta têm se tornado uma preocupação em todo o mundo. Nesta quinta-feira (26/5), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) realizou o seminário online “Agricultura de Baixo Carbono – Perspectivas e Oportunidades”, que contou com a participação de especialistas no assunto e trouxe várias informações para os produtores rurais e profissionais do setor agropecuário.

“Essa temática tem dominado as discussões mundiais. Infelizmente, as mudanças climáticas estão nos afetando diretamente todos os dias. Só nos últimos 12 meses, em Minas Gerais, enfrentamos estiagem, geada, chuva de granizo e enchentes. Isso demonstra a importância de tratarmos do assunto e trazer ao debate soluções e perspectivas para a nossa agropecuária, pois temos de nos preocupar em produzir de forma sustentável”, salientou o diretor-presidente da Emater-MG, Otávio Maia, na abertura.

Balanço da década

Na primeira palestra do seminário, o auditor fiscal agropecuário do Ministério da Agricultura, Fernando Antônio de Souza, fez um balanço das ações realizadas na última década no estado, dentro do Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono). O programa federal estimula a adoção das tecnologias de produção sustentáveis que contribuam na redução das emissões dos gases de efeito estufa. “Estamos fazendo uma revisão do plano e lançando o Plano ABC+ (2021-2030), que além de linha de crédito para essas práticas, inclui uma análise da paisagem, entre outras ferramentas tecnológicas para que os produtores possam lidar melhor com as adversidades climáticas”, explicou.

O especialista também ressaltou que, em Minas Gerais, o Plano ABC+ tem 26 instituições parceiras, dentre elas a Emater-MG. Ele mostrou alguns números sobre os últimos dez anos do projeto no estado como a quantidade de financiamentos do Plano ABC, que chegaram a 10.558 contratos (R$ 3 bilhões) na última década em Minas Gerais, representando 17,80% do total de contratos feitos no Brasil (aproximadamente R$ 20 bilhões). “Já as capacitações de profissionais sobre o Plano ABC atingiram 118.987 pessoas no Brasil, de 2011 a 2020, sendo 45.773 participantes em Minas Gerais, o que corresponde a 38,47% das capacitações”, disse o auditor.

Agropecuária moderna e sustentável

Mas, se as mudanças climáticas estão se tornando um grande desafio para o agronegócio, o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Miguel Marques Neto, por outro lado, trouxe boas notícias em seu painel. “A sociedade exige, hoje, sistemas de produção modernos. Temos que produzir de forma eficiente, barata e prestando um serviço para a melhoria do ecossistema. Mas o Brasil tem essas tecnologias e foi esse passo a frente, que permitiu ao país assumir compromissos relevantes nos fóruns mundiais”, garantiu o pesquisador.

Miguel falou das tecnologias do Plano ABC e suas vantagens como o plantio direto, os sistemas de integração Lavoura-pecuária (ILP) e Lavoura-pecuária-floresta (ILPF), o tratamento de dejetos, a recuperação de pastagens e outros. “Na pecuária, por exemplo, podemos recuperar muitas áreas pastagens e utilizar a floresta, via ILPF, para neutralizar a emissão de metano dos bovinos, além de reduzir o tempo de terminação dos animais”, citou.

O pesquisador salienta ainda que não são técnicas de difícil implementação e muitos produtores já estão usando nas suas propriedades. “O desafio é ampliar a escala de adoção dessas técnicas para elas chegarem ao maior número de produtores e nisso a extensão rural tem um papel importante de levar conhecimento ao agricultor”, disse Miguel.

Crédito de carbono

Outra informação relevante é a possibilidade do produtor ser remunerado pela prestação de serviços ambientais como mostrou o professor Fernando Caixeta Lisboa, do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) na palestra final, “Mercados de Carbono e os seus mecanismos”.

Membro da Aliança Brasileira de Pesquisa em Finanças e Investimentos Sustentáveis (Brasfi), Caixeta explicou que em negociações internacionais foi estabelecido um mercado regulado de crédito de carbonos. “O crédito de carbono é uma atribuição monetária para a redução de emissão de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera. Uma organização que emite os gases pode pagar outra que gera créditos para neutralizá-los. A cada uma tonelada métrica de CO2 não emitida é gerado um crédito de carbono”, explicou.

Segundo o professor, a tendência é que esse mercado de carbono cresça bastante nos próximos anos, trazendo boas oportunidades para os produtores rurais.

O seminário “Agricultura de Baixo Carbono – Perspectivas e Oportunidades” pode ser assistido na íntegra pelo canal da Emater-MG no Youtube.

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