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MITIGAÇÃO DE DANOS

Barragem da Vale que entrou em nível 3 de emergência passa por melhorias

Neste mês, a mineradora ainda firmou um acordo em audiência de conciliação no qual se compromete a pagar R$ 500 milhões para reparação de danos

Publicado em 31/12/2022 às 08:17
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(Foto: Divulgação)

A Vale informou nesta quarta-feira (28/12) que concluiu as obras de ampliação do escoamento de água na barragem B3/B4 da Mina Mar Azul, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Iniciados em junho deste ano, os trabalhos na região visam reduzir possíveis impactos em caso de eventual rompimento.

Neste mês, a mineradora ainda firmou um acordo em audiência de conciliação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) no qual se compromete a pagar R$ 500 milhões para reparação de danos.

Em fevereiro de 2019, moradores em áreas de risco no distrito de Macacos tiveram que sair do local, pois a barragem foi elevada ao nível 3 de emergência – o máximo na escala de risco de rompimento (leia mais abaixo). A evacuação veio acompanhada de danos ambientais e socioeconômicos, segundo apurado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). No entanto, em dezembro de 2022, três anos depois, o nível foi rebaixado, o que eliminou o risco de acidentes.

Agora, em um novo capítulo, a mineradora diz que foram feitos três túneis com o objetivo de aumentar a capacidade de vazão da contenção. Conforme a Vale, a intenção é mitigar os riscos de alagamentos, como aconteceu na região após as intensas chuvas de janeiro deste ano.

“Os túneis foram construídos paralelos uns aos outros, na região abaixo do canal extravasor da contenção, e já contam com sistema composto por três comportas. Eles têm aproximadamente 124 metros de comprimento e dois metros de diâmetro cada”, explica a Vale, destacando que, com a melhoria, “a vazão efluente mais que dobrou”.

Vale dizer que, além do MPMG, o acordo com a Vale foi assinado em conjunto com a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), o Ministério Público Federal (MPF) e o município de Nova Lima. As ações na região estão inseridas dentro do intitulado “Plano de Reparação e Compensação Integral”, que contempla três programas: transferência de renda; requalificação do comércio e turismo; e fortalecimento do serviço público municipal e demandas das comunidades atingidas.

Impacto para a população de Macacos

Distrito turístico de Nova Lima, na Grande BH, Macacos, em 2019, ficou marcado pelo risco de uma barragem que poderia eclodir a qualquer momento, conforme pontua a promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Nova Lima, Claudia de Oliveira Ignez. Segundo ela, a localidade trata-se de uma “pérola turística na região e seu comércio nessa área foi quase dizimado”.

“Os moradores perderam sua fonte de renda e passaram a ter problemas de saúde mental. A população ainda sofre com o medo. Muitas pessoas, inclusive crianças, estão tomando medicamentos controlados por causa do que aconteceu”, comenta. O investimento no comércio e turismo de Macacos foi dividido em quatro eixos temáticos: infraestrutura, paisagismo e urbanismo; informação e segurança; ecoturismo; e apoio ao empreendedor.

Descaracterização

Conforme a Vale, mais de 50% dos rejeitos foram retirados do reservatório da barragem B3/B4, o que melhorou as condições de estabilidade e viabilizou a redução do nível de emergência. A previsão é de que o processo de descaracterização seja concluído em 2025.

O trabalho de remoção de rejeitos da B3/B4, principal etapa do processo de descaracterização, é realizado por meio de equipamentos controlados de forma remota pelos operadores dos tratores, caminhões, niveladoras e das escavadeiras. Os trabalhadores ficam em um prédio em Belo Horizonte, fora da área de risco, a 15 quilômetros da barragem.

A barragem que trouxe risco aos moradores de Macacos é uma das 30 construídas com alteamentos à montante, assim como era a estrutura que se rompeu em Brumadinho e em Mariana, em 2015. 

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