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Ceramistas de Brumadinho recebem o público no próximo fim de semana

Com entrada gratuita e programação livre, o 1º Circuito de Cerâmica do município é uma ótima opção para conhecer mais sobre o assunto. Confira:

Publicado em 19/04/2023 às 13:30
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Em seu ateliê, Benedikt Wiertz transita entre a cerâmica artística e a utilitária. (Foto: Benedikt Michael Justus Wiertz)

No próximo fim de semana, dias 22 e 23 de abril, dez ceramistas de Brumadinho abrirão as portas de seus ateliês para receber turistas e moradores interessados no universo da cerâmica. Com entrada gratuita e programação livre, o 1º Circuito de Cerâmica do município convida o visitante a fazer seu próprio roteiro e transitar entre os espaços situados na Encosta da Serra da Moeda. O evento é uma iniciativa dos artistas da região e conta com o apoio do Programa de Fomento do Turismo Sustentável – ação da Vale em parceria com o Instituto Rede Terra.

“Os ateliês estão a, no máximo, 20 minutos um do outro. A ideia é que o público passeie entre eles e visite quantos quiser. Os artistas vão compartilhar um pouco de seus métodos de produção, materiais envolvidos e inspirações”, explica Gustavo Pinto, do Instituto Rede Terra.

A cerâmica de Brumadinho

Em meio a montanhas e belas paisagens rurais, Brumadinho guarda uma das mais representativas produções ceramistas do Brasil. Espalhados por dezenas de ateliês, artistas de diversas partes se inspiram na natureza para produzir peças utilitárias e de arte que se destacam pela beleza, originalidade e técnicas empregadas.

Cacos de cerâmica indígena encontrados na região indicam que a tradição ceramista de Brumadinho teve início com os povos originários. Na década de 1970, esse fazer artístico foi retomado com a chegada da artista japonesa Toshiko Ishii ao município, mais especificamente à Encosta da Serra da Moeda. Ao longo de 30 anos, Toshiko mudou o cenário e refez o mapa da cerâmica em Minas Gerais. Seu trabalho, marcado pela pesquisa e pela intensa relação com o território, a natureza, a poesia e o tempo, atraiu jovens artistas que, aos poucos, foram se estabelecendo em Brumadinho, onde permanecem até hoje.

Passados 15 anos desde a morte da artista, seu legado continua inspirando o extenso grupo de ceramistas que ainda atua no município. “A filosofia da Toshiko influencia nossa forma de pensar a cerâmica. Ela via beleza na simplicidade e arte no utilitário. Assim como ela, nós acreditamos que é o uso que dá dignidade para a cerâmica”, conta José Alberto Bahia.


Bahia e a companheira Jéssica Martins são responsáveis pelo ateliê Saracura 3 Potes, conhecido pelas peças feitas a partir de cascas e sementes brasileiras. O casal de artistas explica que seu trabalho dialoga fortemente com a memória nacional. “Escolhemos sempre elementos que estão associados a alguma memória. As cascas brasileiras que são objetos utilitários nas casas dos sertanejos e na vida indígena; as latas de sardinha que já foram fôrmas de bolos na infância, os copos lagoinha tão cheios de vida boêmia e tantos outros objetos da conformação da nossa identidade”, revela Bahia.

A natureza que encantou Toshiko há mais de 50 anos e que influencia o trabalho de Bahia e Jéssica, é a mesma que inspira Cecília Gobbo e Lenine Lucas, do Cerâmica Raiz. “A natureza de Brumadinho é maravilhosa e única, me encanta todos os dias. A paisagem, o vento, a fauna, tudo traz inspiração. Em cada época do ano, o contato da natureza desperta algo novo. Diferente da cidade, aqui percebemos os ciclos da natureza”, diz Cecília.

Tudo o que é produzido ali sai do entorno. A argila extraída do riacho vizinho recebe pigmentos naturais das pedras do quintal. As peças são moldadas pelas curvas das cabaças ou texturizadas pelos veios das folhas colhidas na horta. “Buscar a matéria-prima na natureza traz muito aprendizado”, afirma.

Para a queima, Cecília e Lenine utilizam um forno catenario construído por eles mesmos. “Ficamos até 20 horas alimentando o forno com lenha. A cinza produzida é usada para fazer o esmalte que dá acabamento à cerâmica. O resultado é único, nunca haverá duas peças iguais”.

O artista alemão Benedikt Wiertz, vive no Brasil há 27 anos. Foi professor e diretor da Escola Guinard até 2015, quando se mudou para a Encosta da Serra da Moeda e criou, ao lado da arquiteta e culinarista Joseane Jorge, o ateliê Xakra 88. Wiertz conta que a escolha do lugar foi estimulada pela presença de outros artistas na região, que se deslocaram para lá atraídos pela cerâmica de Toshiko Ishii.


Reconhecido internacionalmente por seu trabalho - exposto em galerias e museus de diversos países-, o artista transita hoje entre a cerâmica artística e a utilitária. “Faço as duas coisas no meu ateliê. Tenho o mesmo prazer e empenho na criação das peças independente do enquadramento como artística ou utilitária. Em diversos dos meus trabalhos e projetos, ambas áreas se juntam, sobrepõem e se nutrem uma da outra”, explica.

1º Circuito de Cerâmica de Brumadinho

Data: 22 e 23 de abril

Horário: 10h a 17h

Localização: Encosta da Serra da Moeda

Ateliês participantes:

Ateliê Xakra

Adel Souki

Erli Fantini

Gêra Queiroga

Luiza Jardim

Inês Antonini

Cerâmica Raiz

Eny Amorim

Saracura Três Potes

Cerâmica do Abrahão

Mais informações: ceramicabrumadinho.com.br

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